quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Manual de libertação



Para os pescadores mais conscientes deixo cá um artigo interessante publicado no site da VEGA.



"Breve Manual de Libertação 

Manual Prático do Pescar e Libertar Hoje em dia, com a consciencialização dos pescadores desportivos para a protecção e preservação das espécies que pescam, desenvolveu-se largamente a ideologia da devolução ao meio, de cada exemplar pescado. É o chamado “Pescar e Libertar” ou usando a terminologia original inglesa, “Catch and Release”. 

Tão ou mais importante que libertar as capturas, é libertá-las em condições de sobrevivência. Ou seja, de nada vale libertar um peixe se este não vier a sobreviver ou ficar com danos irreversíveis que podem por em causa, o seu modo de vida normal.


Neste contexto, existem algumas regras elementares que devemos conhecer e por em prática, quer antes de iniciarmos a jornada de pesca, quer quando lidamos com o peixe enquanto preso, durante o manuseio e já depois, na fase da libertação.


- Antes da captura:


• Procure usar anzóis sem barbela. Estes minimizam os ferimentos na boca do peixe na retirada do anzol e potencialmente diminuem o tempo de retenção do peixe fora de água para a remoção do mesmo. Embora raros no mercado, é possível a inutilização da farpa com um simples alicate. 

• Use linhas resistentes. Usar linhas mais resistentes ou grossas diminui as possibilidades de ruptura e perca de capturas. Sendo mais resistentes, permitem um combate mais rápido com o peixe, diminuindo o stress da luta e da captura. As linhas mais resistentes diminuem também a possibilidade de ruptura da mesma, evitando que o peixe esteja condenado a viver o resto dos seus dias com um objecto estranho na boca. A melhor solução é a utilização das modernas linhas, mais finas e resistentes.




- Durante a luta:

• Evite que a luta se prolongue demasiado. Uma luta prolongada origina muitas vezes a exaustão do peixe que acaba por morrer depois de libertado. Uma luta rápida diminui o tempo de recuperação e deixa-lhe energia de sobra para se afastar rapidamente.

• Tente evitar que o peixe embata em obstáculos. Durante a luta o peixe pode dirigir-se propositadamente para paus ou pedras para se refugiar. Como o faz bruscamente, pode ferir-se e provocar outras lesões que depois de libertado podem originar infecções e desenvolvimento de fungos. Tente contrariar a deslocação para esses obstáculos, puxando-o na direcção oposta.


- Após a captura:
• Evite utilizar camaroeiro ou alicate para pegar no peixe. A utilização de alguns camaroeiros de malha remove o muco das escamas, extremamente importante para garantir a sua protecção contra os agentes exteriores, como os fungos, parasitas e outras infecções. Por outro lado, a utilização de alicate provoca danos na maxila do animal que podem ser irreversíveis. Molhe as mãos e pegue no peixe pela boca, se este não possuir dentes ou pelo corpo com as duas mãos, se for um grande exemplar, içando-o na horizontal.
• Não encoste o peixe a si ou pouse no chão. Com as mãos previamente molhadas manuseie o peixe na horizontal, em particular se for um grande exemplar e evite que este toque noutros locais para não perder o muco protector. Em quase todas as espécies os órgãos internos não estão preparados para a posição vertical e muito menos fora de água.
• Nunca meta os dedos nas guelras. As guelras dos peixes são dos órgãos mais acessíveis que podemos danificar inadvertidamente. É aqui que se produzem as trocas gasosas necessárias à vida e é um órgão muito irrigado e por isso sujeito a hemorragias e danos graves.
• Retire o anzol rapidamente. Se possível, remova o anzol sem retirar o peixe da água. Assim evita a secagem do muco das escamas, as potenciais diferenças térmicas e o manuseio inadvertido, bem como diminui o tempo de recuperação. Se isso não for possível, retire o peixe da água e extraia o anzol rapidamente, mas de forma segura para o peixe e para si. O recurso a um alicate de pontas finas é um precioso auxiliar para uma rápida remoção do anzol.
• Minimize o tempo fora de água. Se pretender pesar um exemplar ou tirar fotografias, deverá fazê-lo no menor espaço de tempo que lhe for possível. Evite as posições verticais atrás referidas e sobretudo evite que o peixe seque, o que acontece muito rapidamente em pleno Verão, particularmente se existir algum vento.

- Devolução:
• Pouse o peixe com cuidado, não o atire. Pegue pela zona ventral do peixe com as duas mãos, mergulhe-o na água e com a boca na direcção da corrente, se existir. Se por acaso estiver próximo de uma zona com rebentação e água mais oxigenada, deve aproveitá-la para a recuperação. Espere que ele saia sozinho das suas mãos, não o largue debilitado porque pode ser arrastado pelas correntes e atirado contra os obstáculos naturais.
• Evite os movimentos de vaivém. Até há pouco pensava-se os movimentos de vaivém promoviam a circulação de água pelas guelras e a recuperação do peixe. O que é certo é que estes órgãos apenas recebem água de forma eficiente quando oriunda da boca e nunca em sentido contrário. Por outro lado, uma corrente de água em sentido contrário pode danificar os delicados filamentos branquiais e provocar infecções numa zona particularmente sensível para os peixes.

Como podemos constatar, existem regras que a devolução dos peixes que capturamos, que devem ser observadas. Devolver um peixe em más condições de sobrevivência e fragilizado é de todo contraproducente e não produz os efeitos desejados pelo pescador.

Por isso, pesque e liberte, mas de forma consciente.


2 comentários:

  1. Boas Antonio
    Parabens pelo blogue e pelas capturas.
    Por acaso ja tinha lido o artigo, muito bom.
    Abraço

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